terça-feira, 26 de novembro de 2013

MISSÃO É AMAR

Por Matheus De Cesaro


A sociedade em geral, principalmente os que se definem religiosos, entendem por “missão” qualquer iniciativa religiosa destinada a propagar seus conceitos entre povos ainda não adeptos as supostas crenças defendidas. No caso dos seguidores de Cristo, entende-se por “missão” a propagação dos princípios cristãos em imitação ao ministério de Cristo, visando à salvação de suas almas por meio do sacrifício vicário de Cristo na cruz. Na sua grande maioria, as obras missionárias ultrapassam a esfera religiosa atuando também nas esferas sociais, econômicas, educativas, assistenciais e também nos meios artísticos e culturais, o que resulta em uma série de regras e exigências que em tese impedem a livre atuação de Deus pelo seu Espírito Santo. 

No período da igreja primitiva, muitos se destacaram neste ofício, entre eles Pedro, Paulo, Barnabé, Silas, Filipe e Marcos, sem contar os anônimos, que por não estarem com seus nomes registrados nas escrituras também merecem lembranças, e receberão igual honra naquele dia.  Atualmente não tem sido diferente, muitos homens e mulheres tem se destacado nos campos missionários por meio de uma confiança inabalável no Pai, mostrando a esta religião cultural que se adota neste século, que o amor às almas, á compaixão pelas pessoas e a misericórdia divina ultrapassam em excelência quaisquer conjuntos de regras que o homem crie. Nada limita a Deus. Enquanto na terra ainda houver um coração disposto à ama, Ele fará coisas grandiosas, sem a necessidade de “burocracias divinas” como normas, regras e costumes obrigatórios.

A poucos dias um menino me perguntou:

“O que devo fazer para ser um missionário?”

Foi então que resolvi analisar essa pergunta dentro de uma perspectiva bíblica e atual, podendo elaborar um processo natural no desenvolvimento do sentimento missionário que arde em muitos corações. E encontrei três passos fundamentais nas palavras do Cristo: “VINDE, FICAI e IDE”. Este é o processo executado e projetado pelo Pai, para que sejamos missionários dentro de uma perspectiva puramente cristã e bíblica.

1. VINDE “vinde a mim todos que estais cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei” (Mateus 11:28). Percebo aqui, um convite, entendendo que o primeiro passo, para a vida missionária é um “encontro” com o Mestre. Nossas vidas sofrem com o peso dos nossos pecados e suas conseqüências. Isto nos impossibilita de ver o mundo com o coração repleto de esperança, compaixão, amor e misericórdia. Quando nos encontramos com Cristo, recebemos o Espírito Santo e nossa vida começa a ser transformada, com isso, recebemos alívio para nossas dores e passamos a olhar para o mundo dentro de outra perspectiva, uma perspectiva com base em fé, esperança e amor (I Corintios 13:13)
2. FICAI “ficai em Jerusalém, até que do alto, sejais revestidos de poder” (Lucas 24:49). Após o encontro com o Mestre, e uma transformação de visão, sentimentos e perspectiva, passamos para o período de “preparação”. Precisamos estar preparados para encarar o campo missionário (mundo), mas preparados espiritualmente, bem guardados pela intercessão dos irmãos da comunidade, bem fundamentados pelas escrituras, com o coração voltado ao Pai e coberto por seu amor, e principalmente estar cheio do seu Espírito Santo, o que é o teor desta promessa citada pelo Evangelista Lucas. Não são cargos, títulos ou situação financeira que nos trazem garantia de uma vida missionária bem sucedida, precisamos estar no centro da vontade de Deus, precisamos manter uma comunhão pessoal e íntima com Pai em todo o tempo (Efésios 6:18).
3. IDE “ide por todo o mundo e pregai o evangelho a todas as criaturas” (Marcos 16:15). O último passo é a “ação”. É colocar a mão no arado (Lucas 9:62), é se dispor a trabalhar em prol do Reino, sabendo que nunca será um trabalho em vão (I Corintio 15:58). Não precisamos sair da nossa cidade, do nosso estado ou país para desenvolvermos um trabalho missionário, basta olharmos para os nossos vizinhos, para nossa família, para os necessitados que estão todos os dias à nossa porta e colocar em prática o que temos aprendido com o Mestre.

Quero aqui afirmar que missão não é status, ser missionário não é ter reconhecimento ou um título que imponha respeito, não é poder viajar pelo mundo e ter seu nome estampado em jornais, televisores ou sua voz espalhada pelas diversas rádios do mundo. Missão é amor, é compaixão, é viver o evangelho de Cristo na essência, ser missionário é praticar o amor de Cristo, é desenvolver o fruto do Espírito e buscar com isso abraçar as almas, ser missionário é sair do conforto da igreja, do lar, da família e amar aqueles que são rejeitados pela sociedade injusta que vivemos, missão é amar a Deus acima de tudo e o teu próximo como a ti mesmo. Quer ser um missionário, simplesmente ame como Ele amou.

“Nisto saberão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”

João 13:35

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

EXISTE A IGREJA DE CRISTO

por Guiomar Barba


Em um mundo tão conturbado, tão cheio de pessoas sem esperança, no qual a igreja deve ser um porto seguro, uma resposta para as muitas dores, unguento para feridas, saúde para a alma, libertação para traumas e complexos, o que de fato ela tem se tornado é um centro comercial. Os ministérios, que deveriam tratar das coisas espirituais, tornaram-se, na sua grande maioria, administradores dos “gazofilácios” e, segundo as suas carnais políticas, "vocacionadores" de pessoas para o ministério: atributo devido apenas ao Espírito Santo de Deus. Mas atenção! Esta igreja fabricada por falsos líderes não é a verdadeira igreja de Cristo, mesmo que tenha entre seus membros aqueles que são sinceros e que em meio a copiosas feridas, chegarão ao entendimento.


Portanto, não há razão para perdermos a nossa fé. Há, sim, para fortalecê-la, lembrando-nos das advertências dadas há séculos e séculos atrás pelos profetas e apóstolos, as quais nos asseguraram de que tempos trabalhosos viriam. Sobre os falsos profetas está escrito: 
"E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita."  2 Pedro 2:3.

“Esses homens são rochas submersas nas festas de fraternidade que vocês fazem, comendo com vocês de maneira desonrosa. São pastores que só cuidam de si mesmos. São nuvens sem água, impelidas pelo vento; árvores de outono, sem frutos, duas vezes mortas, arrancadas pela raiz. São ondas bravias do mar, espumando seus próprios atos vergonhosos; estrelas errantes, para as quais estão reservadas para sempre as mais densas trevas.”

Judas 1:12-13

Portanto, enquanto vemos o cumprimento das profecias, podemos perceber também que o Espírito de Deus tem conscientizado a muitos de nós sobre o andar com Cristo, o ser sal, o ser luz; nos levado a não nos amoldarmos a este mundo, por mais que sejamos tratados como alienados, ignorantes, incultos. Apesar das intolerâncias, pertençamos à igreja invisível de Cristo, àquela que não aceita se adaptar as exigências teológicas do terceiro milênio. Conheçamos que, sob a luz do Espírito Santo, a Bíblia nos traz, através dos ensinamentos dos profetas e de Jesus, um caminho a ser seguido e que este caminho nos conduz a uma vida de paz e prosperidade. Esta, longe do sentido que pregam os mercenários da fé, seja a prosperidade espiritual, a prosperidade da alma, do saber, preparando-nos também para as naturais adversidades que a vida nos impõe. A Bíblia jamais caducará.

Não podemos nos esquecer, no entanto, a exortação do apóstolo Paulo: "Assim, aquele que julga estar firme, cuide-se para que não caia!" 1 Coríntios 10:12. Se estamos caminhando à luz da palavra, sabemos que muitos que hoje se portam como joio, amanhã podem se firmar como trigo. A nossa missão como membros da igreja de Cristo é uma apenas: AMAR. O amor inclui esperança; perdão; misericórdia; paciência; longanimidade; empatia; em suma, tudo o que for necessário para suprir a carência do nosso próximo.

"Irmãos, se alguém for surpreendido em algum pecado, vocês, que são espirituais, deverão restaurá-lo com mansidão. Cuide-se, porém, cada um para que também não seja tentado. Levem os fardos pesados uns dos outros e, assim, cumpram a lei de Cristo. Se alguém se considera alguma coisa, não sendo nada, engana-se a si mesmo. Cada um examine os próprios atos, e então poderá orgulhar-se de si mesmo, sem se comparar a ninguém.”

Gálatas 6:1-4

sábado, 16 de novembro de 2013

O IMPOSTOR

By Davi Alves


É fato que vivemos conflitos internos ao longo da vida em todos os aspectos, principalmente na caminhada espiritual. O homem tem sua tendência natural de vangloria-se de suas ações, e dessa forma nos forçamos a cumprir regras, exigências, e por aí vai. Assim, enganamos a nós mesmos, dentro da nossa mente. E, é em nossa mente que encontramos o impostor.


É nesse exato momento que as pessoas desenvolvem um dispositivo de escape pela ação interior que às levam a viver emoções através dos seus intelectos de forma de inadequação perante Deus. É quando criamos máscaras para nos esconder por detrás delas, das pessoas e sobre tudo de Deus.

Sentimos sensações como a culpa, o desgosto, a ansiedade ou o tédio. Quem de nós nunca desejou algo contra outra pessoa? Quem nunca se pegou imaginando ser alguém que não é? Ou passou uma imagem para outra pessoa diferente da sua? Desenhamos mentalmente a cada momento imagens nossas com um determinado grau de grandeza e superioridade. Embelezamo-nos de forma mesquinha cada vez que escutamos um elogio. O nosso “EU” é o impostor. É aquele que nos coloca dentro de um escalão especial, é ele que nos faz sentirmos melhor que as outras pessoas e manifesta em nós o desejo de grandeza e os sentimentos mesquinhos de egoísmo, como a cobiça e tantos outros sentimentos negativos que nos separam da graça de Deus.

Dentro do quadro religioso, em especial ¨os evangélicos¨. Foi se criando durante os últimos anos, a louca mania das “performances”.  Devido às consequências da visão protestante capitalista e a vaidade gospel desordenada, nasce dentro das visões protestantes o culto à “performance”. Neste culto, os pregadores são os grandes artilheiros, a peça essencial dessa jogada de marketing, que enriquecidos pelo apoio dos cristãos protestantes impulsionan e posicionam suas religiões como um grande empreendimento diante da sociedade, enfim, um negócio. O nosso“EU” vai ganhando pouco a pouco à consciência cristã, e o que se tem no fim da conta não o satisfaz. É a crença ao mérito inerente do desempenho, que posiciona a mente e o modo de pensar, nos levando querer fazer de nós, os maiores dentre todos, o líder de louvor mais cobiçado ou o obreiro mais admirável.  É assim que percebemos a diferença entre o evangelho e o nosso eu. O evangelho nos ensina a servir, o eu nos ensina a querer ser servido. A “performance” em nossa vida é a honraria ao nosso eu, o pífio prêmio pela ausência de Cristo em nossas vidas.

É o eu que manipula nosso modo de pensar a respeito da vida e do evangelho. Brennan Manning no seu livro, ¨O Impostor que Vive em Mim¨, destacou o seguinte pensamento:

“Sem querer, havia projetado em Deus os sentimentos que eu nutria a meu respeito. Sentia-me seguro com ele apenas quando me via como uma pessoa nobre, generosa e amável, sem cicatrizes, medos ou lágrimas. Perfeito!(…)”

É o nosso eu, o impostor, que nos distancia da graça para aceitar os holocaustos à vaidade. Brennan ainda destaca de forma direta e com clareza a capacidade do nosso falso eu dizendo,

“O falso “eu” se envolve em experiências externas para dispor de uma fonte pessoal de significado. A busca por dinheiro, poder, glamour, proezas sexuais, reconhecimento e status potencializa a autovalorização e cria a ilusão de sucesso. O impostor é aquilo que ele faz . (…)”

É dessa forma que o nosso falso eu alimenta nosso coração de “performance”, a respeito disso Paulo Bravo declara:

¨O culto da performance é tão universal que requer cuidadosa e contínua desconstrução. Todos que temos acesso à internet e sabemos ler e escrever estamos por certo até o pescoço mergulhados nele¨

É o desejo pela aceitação do mundo que nos distancia da graça. O culto a nós mesmos é a comprovação de que estamos vivendo outro caminho, contrário ao que Jesus viveu.
Um dos desafios dos cristãos, e em maior intensidade dos cristãos protestantes,  é ter a consciência de que todos nós somos iguais, e que todos teremos o mesmo julgamento perante Deus. Que nenhum líder evangélico é mais especial do o outro, ou qualquer pessoas que não siga seus passos e crenças, como por exemplo um ateu. É preciso entender que o evangelho não é um negocio para saciar o nosso eu, e que a única forma de viver longe do falso eu, é aceitando a graça de Cristo.

É na graça de Cristo que temos o desejo pela sinceridade, é pela graça que somos glorificados. É aceitando o projeto de amor de Deus que não precisamos de nenhum sacrifício.

Eu há pouco tempo matei meu eu, da forma mais simples e impactante. Deixei de ser eu para estar em Cristo, é nEle que deposito meu agir e meu pensar, é nEle que estou sendo conduzindo unicamente ao evangelho. Mas o eu, ainda respira, ainda vive, ainda está dentro de mim, às vezes ele me faz pensar coisas ruins, até mesmo agir em determinados eventos de forma diferente daquilo que de fato devo seguir, ele ainda está aqui perto de mim, mas não é ele quem dita as regras, não é ele quem fala mais alto. Ele é apenas um elemento que vê e percebe minhas ações, não se controlando e tentando fazer o que ele quer sem sucesso. Quando aceitamos que existe o “EU” dentro de nós, é que nos libertamos dele. Ele está na minha mente, mas contra a verdade aceita no meu coração não tem poder nenhum.

Uma pergunta:

Quem está de fato disposto a matar o seu eu? Quem de nós aceita essa reflexão de modo profundo e sem preconceito ou achismo e entende o andarilho que vive dentro de nós?

De fato nos dobramos ao nosso eu e o cultuamos; de fato ajoelhamo-nos diante do altar das performances dia a dia e entoamos sentidos louvores e prestamos exigentíssima atenção ao nosso  eu. Paulo Brabo afirma:

¨Sem contar breves intervalos de lucidez, eu e você de fato acreditamos nisso – porque vivemos sob a sombra onipresente do deus da performance.¨

O impostor começa a se transformar em uma espécie de síndrome de “smegol”, onde a mudança de personalidade e as transformações se alteram tão facilmente, que deixamos ele crescer, sem perceber e discernir o que está acontecendo. Brennan Manning descreve as múltiplas ações de maneira direta e compreensiva:

¨O ódio pelo impostor é na verdade o ódio de si mesmo. O impostor e eu constituímos uma só pessoa. O desprezo pelo falso “eu” dá vazão à hostilidade, o que se manifesta como irritabilidade geral — irritação pelas mesmas faltas nos outros que odiamos em nós mesmos. O ódio próprio sempre redunda em alguma forma de comportamento autodestrutivo. Aceitar a realidade da nossa pecaminosidade significa aceitar o nosso “eu" autêntico. Judas não conseguiu encarar sua sombra; Pedro conseguiu. Este fez as pazes com o impostor interior; aquele que se levantou contra ele. Quando aceitamos a verdade do que realmente somos e a rendemos a Jesus Cristo, somos envoltos em paz, quer nos sintamos em paz, quer não. Quero dizer com isso que a paz que ultrapassa o entendimento não é uma sensação subjetiva de paz; se estamos em Cristo, estamos em paz, mesmo quando não sentimos nenhuma paz.¨

Cristo é a cura desse conflito interior, a libertação dessa corrente mortal da hipocrisia em nossa alma. Cristo venceu a morte e o pecado, afim de que nada, absolutamente nada, possa nos separar do amor divino.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

NEM TUDO QUE RELUZ É OURO

By Matheus De Cesaro


Estamos acostumados ouvir nas igrejas e reuniões religiosas que a fé é o fator que nos leva a confiar e acreditar no que ouvimos e aprendemos, porém nem tudo que ouvimos das lideranças religiosas nos dias atuais é passível de confiança e aceitação. Por isso acredito que uma fé sadia implica em analisarmos o que nos é apresentado, avaliarmos a origem e essência dos ensinamentos, pois nem tudo que reluz é ouro. Analisem o texto abaixo, pois nos mostra  outra face da fé, pouco aceitada pelas lideranças,mas que nos conduz há uma liberdade espiritual sadia e eficaz.

“Considerada por muitos de suma importância, e ridicularizado por muitos outros, a“fé” é um tópico cercado não apenas por perpétua controvérsia, mas por grande falta de compreensão. Por estranho que pareça, muitos crentes parecem estar tão confusos sobre este assunto quanto aos ateus. Por exemplo, tantos crentes quanto descrentes consideram a razão inimiga da fé, quando de fato são íntimas companheiras. Na verdade, sem uma atitude questionadora a “fé” não passa de credulidade. A maioria dos críticos do cristianismo erroneamente equacionam a fé com uma crença irracional que, apesar das  provas em contrário, se apega ferrenhamente a uma superstição favorita numa lealdade e num orgulho obstinado. Ridicularizando a fé como algo nenhum pouco intelectual e, portanto abaixo de qualquer consideração séria,o cético insiste, zombando, que a fé exige que a pessoa abandone a erudição, o pensamento crítico e o bom senso. Nada poderia estar mais longe da verdade. C. H. Spurgeon, conhecido como o príncipe dos pregadores” declarou: 

“a fé não é uma coisa cega, pois começa com o conhecimento. Não é uma coisa especulativa, pois a fé crê em fatos sobre os quais tem certeza. Não é algo sonhador, não-prático, pois a fé confia e aposta seu destino na verdade da revelação (de Deus)” 

Somente uma pessoa desprovida de entendimento coloca sua confiança em algo que é obviamente falso. Seria igualmente sério colocar “fé” em alguém ou algo sem que houvesse uma razão séria para fazê-lo. Evitar tal loucura é o papel essencial de qualidades que nos foram dadas por Deus, como o ceticismo e a razão. Na verdade, nossas faculdades críticas devem ser apropriadamente usadas em todo seu potencial se desejarmos chegar até onde a fé pode nos levar. Com a clareza de um advogado, Irwin H. Linton sugere: 

há um lugar para o ceticismo bem como um lugar para a fé; ao considerarmos um investimento, ou uma religião a abraçar, o ceticismo deve vir primeiro”

O proverbial “salto no escuro” da fé é uma caricatura. A verdadeira fé nunca é cega; a fé falsificada, sim. Se recebesse atenção, o conselho de A. W. Tozer evitaria que muitas pessoas que se denominam cristãs fossem enganadas por doutrinas falsas: 

uma pitada de incredulidade sadia é, as vezes, tão necessária para o bem de nossas almas quanto a fé. Não é pecado duvidar de algumas coisas, ao passo que acreditar em tudo pode ser fatal. Fé nunca significa acreditar em qualquer coisa. A credulidade nunca honra a Deus... Ao lado de nossa fé em Deus precisa estar uma incredulidade sadia em tudo que seja esotérico e oculto”

Dave Hunt ( fragmento do livro Escapando da Sedução pág. 93 e 94)

Este fragmento nos mostra algo muito essencial para prosseguirmos no bom caminho da cruz, precisamos estar atentos ao grande número de novas teologias que se têm infiltrado nas igrejas, precisamos avaliar o que estamos recebendo, para que então possamos expressar como o Apóstolo Paulo “eu sei em quem tenho crido”, muitos são os ventos de doutrinas, muitas são as falsas esperanças distantes do centro da vontade de Deus que é Cristo. Por isso atenção meus queridos, muita atenção, pois nem tudo que reluz é ouro. A verdadeira fé, esta bem distante do aprisionamento da mente em conceitos que se criam dia após dia, precisamos através de um relacionamento íntimo e pessoal com Cristo, desenvolver nossa liberdade espiritual, assim como os Frutos do Espírito contra os quais não há lei. Analisar, investigar e buscar a procedência de qualquer ensinamento recebido, não é falta de fé, e sim, o aperfeiçoamento da mesma.


“Ao que Jesus disse: Tende fé em Deus” (Marco 11.22)

terça-feira, 5 de novembro de 2013

ENFIM LIVRES

By Matheus De Cesaro

“Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor.”

Apóstolo Paulo a Igreja da Galácia 5:13


Ao se discutir o significado da liberdade outorgada a nós por Cristo no Calvário, muitas questões são levantadas causando confusões e polêmicas doutrinárias, históricas e devido a supostas revelações pessoais. Falar em liberdade sem mencionar a Cruz, Cristo e a Lei Judaica, é desconhecer o objetivo divino que repousa sobre a obra expiatória do Calvário. Precisamos antes de tudo, elucidar o que implica e significa “verdadeiramente ser livre” por meio da providência de Deus ao homem, a saber, a Graça. Expressão que utilizou Cristo em seu discurso aos fariseus que o acusavam de estar passando por cima dos que então eram os herdeiros da promessa feita a Abraão. Mas não quero neste texto me deter ao confronto milenar que percorre séculos entre os defensores da Lei, e os defensores da Graça. Quero sim, trazer ao leitor uma explanação simples e existencial do significado, objetivo e responsabilidade da "Liberdade Cristã".

Quando você analisa o que diferencia os períodos da Lei e da Graça, existe um fator predominante que acaba sendo mal interpretado e incompreendido em meio as eras, que é a “liberdade”, que nós cristãos, denominamos de “Liberdade Cristã”. Sabemos que, ao morrer na cruz, Cristo nos abre uma porta nos permitindo ter acesso a presença do Eterno,  e isso é revelado nas escrituras pelo registro de que o véu que mantinha esse acesso negado se rasgou. Hoje por meio do Cristo, temos total confiança para crermos e nos achegarmos ao Pai, na certeza de que o encontraremos sem nenhuma dependência humana ou liturgica. Esta liberdade esta isenta de códigos, sacramentos, dogmas, normas, leis, ou quaisquer outros sistemas que venham aprisionar a humanidade. Precisamos compreender que as liturgias e sistemas religiosos que hoje nos fazem reféns por meio das caricaturas tão engenhosamente esculpidas, não são obrigações a serem cumpridas pelo temor de um suposto castigo ou penitência. 

Toda essa estrutura religiosa que nos poda a liberdade é exatamente um retorno a vida de escravidão espiritual, é retornar a ignorância em relação ao que é Eterno. Hoje as leis que nos levam ao retorno da prisão espiritual não se definem ao retorno a prática e obediência das Leis Judaicas como estava ocorrendo na Galácia e despertou a preocupação de Paulo, mas sim se define aos inúmeros sistemas religiosos que buscam dogmatizar nossa fé por meio de novos conceitos, novas liturgias e penitências que nos são direcionadas pela não observação das mesmas. Não podemos nos submeter a formalização da fé e a multiplicidade de caricaturas formadas pela religião na busca de um relacionamento mais apropriado com Deus. Se submeter a isso, é invalidar a Cruz e a providência divina retornando a dependência do homem para chegar a Deus. Somos livres e independentes para entrarmos no nosso quarto e em secreto desenvolvermos nossa comunhão com Deus, comunhão que é evidenciada quando com liberdade praticamos o amor ensinado pelo Cristo Ofertado, o que independente de sistemas e formalizações esta sobre nós com o objetivo de por meio do Espírito nos fazer melhores no trato e no servir.

Entender que liberdade como uma determinada forma de vida é uma coisa, e a forma como à usamos é outra coisa, é um passo determinante para a interpretação correta desse benefício adquirido pela Oferta da Cruz. A Liberdade Cristã não é o poder que permite ao homem viver deliberadamente da maneira como entende ser o melhor ou supõe ser mais adequado, não envolve uma total ausência de responsabilidades, na verdade, ela é um sentimento interno que na presença de Deus podemos sentir e desenvolver cotidianamente, é uma postura que evidenciamos na prática e exercício do amor fraternal, da comunhão sincera é incondicional. Não estamos mais presos a sacerdócios, dogmas e sacramentos que a religião nos aprisionava, temos acesso livre ao Pai, e regozijando-se em Cristo, nos alegramos pela certeza da remissão de nossos pecados, transgressões e culpas. Não há como não sentir uma intensa alegria quando por meio de Cristo adquirimos a certeza que já não estamos mais debaixo da maldição da lei, amarrados e presos ao domínio do pecado, mas estamos debaixo da Graça do Cristo Ofertado, vivendo esta tão linda liberdade, tendo então uma Nova Aliança não externa pela lei humana e sim interna e racional pela presença do Espírito.

“Porque esta é a aliança que depois daqueles dias Farei com a casa de Israel, diz o Senhor; Porei as minhas leis no seu entendimento, E em seu coração as escreverei; E eu lhes serei por Deus, E eles me serão por povo.” 

Carta escrita aos Hebreus 8:10

É certo que, dia após dia, surgem situações em que esta liberdade vem sido ameaçada pela tão grande e incontável criação de dogmas e sacramentos que o homem por não compreender a Graça insiste em defender. Uma corrida desenfreada em busca do retorno a dependência humana e suas leis, o que insisto em enfatizar, que estes que lutam nesta intenção ainda não compreenderam o que significa esta liberdade. Não podemos viver por regras, sejam quais forem. Vivemos pela vontade revelada de Deus manifesta em Cristo e não por ditames formais que ficam sujeitos a alteração, como se dependessem de atualizações para seu aperfeiçoamento. A Nova Aliança, que por sua vez é superior, perfeita e eterna, mediante a obra da cruz, operou este milagre que nos trouxe a liberdade, e o homem pela sua arrogância em buscar se manter no centro e no controle, tenta de todas as formas possíveis anular esta verdade, muitas vezes se prendendo a fábulas, conceitos e conjecturas inconcebíveis se contextualizadas com a humanidade e a sociedade atual. Precisamos ter cuidado com esta produção acelerada de novas ordenanças, pois as mesmas não produzem vida, e sim, emocionalmente anulam o exercício da razão, levando o homem a uma cauterização mental sem tamanho.

“Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: Não toques, não proves, não manuseies?” 

Apóstolo Paulo a Igreja em Cololosso 2: 20 e 21

E antes que alguns defensores da antiga aliança se levantem afirmando que estamos ignorando o que Deus providenciou ao seu povo como Lei, é justo esclarecer que a Lei tinha um objetivo, e nisso foi eficaz, abrindo caminho para a CruzA vida cristã fundamenta-se nos princípios da Nova Aliança por meio de Cristo. É algo muito profundo, pois a cruz não faz uma mudança superficial no homem, não faz melhoras, mas mata-o e o ressuscita em novidade de vida. O homem não passará a viver por regras, mas pela vontade revelada. Não há espaço para alguém imaginar que a Graça Redentora é inferior às exigências da lei, muito pelo contrário, Cristo em seu exemplo nos deixa claro que a cruz produz algo impossível a qualquer outro meio. 

“De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados. Mas, depois que veio a fé, já não estamos debaixo de aio.”

Apóstolo Paulo a Igreja da Galácia 3:24 e 25

Os princípios neo-testamentários são firmes e abrangentes. Embora tenhamos ensinos específicos sobre o comportamento dos cristãos em relação às coisas do mundo, há um ensino claro dos princípios que devem nos guiar, os quais dispensam as regras e ordenanças humanas, princípios que dispensam a arrogância de dizer, “tem que ser assim”, “o correto é desse jeito”, “isto pode”, “isto não pode”, liberdade é com responsabilidade se aproximar conscientemente e racionalmente de Deus. 
“Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus”. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra; Porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus.” 

Apóstolo Paulo a Igreja de Colosso 3:1-3

Portanto, vamos com responsabilidade gozar de nossa liberdade em beneficio do próximo, levando assim a carga uns dos outros, sendo assim o amor arbitro em nossos corações, que a obra da Cruz esteja viva em nossas vidas e que ao representar essa liberdade adquirida, não sejamos omissos no servir, mas sim ativos e praticantes , que a luz deste Evangelho que nos torna livres, nos conduza a sincera comunhão com a humanidade, pois Cristo morreu para que todos sejam livres, seja judeu ou gentio, homem ou mulher, nada disso mais tem relevância, pois somos todos Um em Cristo, restituídos por seu sangue a Glória do pai, para que enfim, vivêssemos uma verdadeira e real liberdade, sem prisões, sem amarras, sem leis, mas gerados, movidos e impactados pelo seu imenso amor.

"Liberdade significa responsabilidade. É por isso que tanta gente tem medo dela."

George Bernard Shaw